sábado, 28 de setembro de 2013

Análise: Pro Evolution Soccer 2014


Considerações:

"PES 2014" chega com mudanças radicais e extremamente promissoras para o futuro, mas que ainda não vingam.

A impressão é de um jogo feito às pressas, que mexe onde não precisava e com falta de conteúdo.

O novo motor gráfico proporciona um dos visuais mais bonitos já vistos em um jogo de futebol, mas os controles sofrem com uma curva de aprendizado ferrenha.

Quem for paciente e se dedicar a aprender de novo todos os comandos do game pode acabar se divertindo com o futebol mais estratégico e cadenciado, mas quem procura diversão mais rápida vai se frustrar.

Sinceramente, fãs muito fervorosos da série podem acabar gostando e se adaptando ou ao menos dar um voto de confiança e acreditar neste novo caminho trilhado.

Para todos os outros jogadores, "PES 2013" ainda é uma opção muito mais divertida.


Introdução:

"Pro Evolution Soccer" pega emprestado o motor gráfico Fox Engine, da Kojima Productions, equipe da série "Metal Gear", e promove mudanças e ajustes radicais à série, tudo para se renovar e continuar na briga com "FIFA" pela preferência dos fãs de futebol virtual.

De cara, "PES 2014" exibe um visual lindo e um sistema de controles realmente novo e diferente, que oferece novas possibilidades de jogadas, dribles e controle de bola.

Apesar de cortes no conteúdo, o título volta ao mercado brasileiro com elementos já consagrados da franquia, como a Master League online, narração e comentários de Silvio Luiz e Mauro Beting e todas as equipes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro - além do Palmeiras e outros três times da série B.

Pontos positivos:
  • Gráficos incríveis
  • A mais notável novidade de "PES 2014" é o visual renovado, turbinado por uma versão do motor gráfico Fox Engine - algo já dito à exaustão pela Konami.

    De longe, é o futebol mais bonito nos videogames atuais, com belos efeitos de luz e animações suaves e realistas. Em movimento, "PES 2014" lembra muito uma partida de futebol vista pela televisão.

    De perto a situação muda bastante. Alguns detalhes impressionam, como o efeito do tecido das camisas balançando e dobrando e o cabelo de alguns jogadores, mas algumas feições são estranhas e artificiais,.

    Há também um estranho efeito de suor que mais deixa os jogadores com cara de boneco de plástico do que pessoas reais, mas dá para passar batido.

    O que não dá para ignorar são grotescos slowdowns em vários momentos: câmeras que mostram campo e torcida ao mesmo tempo sofrem com atrasos terríveis, enquanto mesmo durante os jogos é possível sofrer com pequenas travadinhas que podem comprometer o ritmo da partida.
    Algo que não está exatamente ligado à nova engine, mas sim à parte é o visual são os menus. Arcaicos, lentos e confusos, acabam irritando às vezes e tirando um pouco do prazer de jogar. Imagine então na Master League, em que menus são importantes e aparecem o tempo todo.

    Em linhas gerais, "PES 2014" traz um visual incrível, muito superior às versões anteriores, mas que cobra um preço um tanto quanto alto.
  • Potencial de sobra
  • Grande potencial. Essa é a expressão que define melhor "PES 2014". As mudanças promovidas nos controles empolgam e, em lampejos, mostram sinais de um futebol complexo, elaborado e empolgante. Mas é só assim mesmo, em brevíssimos momentos.

    No resto do tempo, "PES 2014" parece deixar de lado todo o aprendizado feito nesta geração de videogames ao apresentar um futebol ainda em fase de formação, com muitos problemas e detalhes para corrigir e polir.

    É de se entender: trata-se de um jogo que usa uma versão modificada de uma engine preparada principalmente para os consoles de próxima geração, o que sugere que eventuais versões de "PES" para PS4, Xbox One e outras máquinas serão muito melhores.

    O poder gráfico superior destes aparelhos deve ajudar a corrigir problemas como a inteligência artificial ainda falha, os goleiros incompetentes e outros problemas da mecânica, como controle de bola.

    Mesmo assim, nada disso justifica apresentar aos jogadores um game incompleto, com menos conteúdo e mais problemas do que a edição anterior e com preço de lançamento de primeira linha
    Pontos negativos:  
    • Controles difíceis de dominar
    • "PES 2014" apresenta mudanças profundas nos controles da série. Agora é possível controlar tanto a direção da bola quanto a direção do peso de apoio do atleta, o que possibilita inteligentes fintas de corpo.

      Novos dribles e arremates acompanham também formas inéditas de proteger, como fazer jogo de corpo com ombros e braços. O tempo de bola mudou um pouco para alguns passes e cruzamentos, enquanto chutes parecem mais precisos e afiados.

      Cobranças de bola parada agora exibem pontilhados para mostrar a trajetória da bola (que você pode desligar ao toque de um botão).

      Acredite, a série de ajustes é gigante, mas não necessariamente para melhor em relação ao "PES 2013". Por conta da nova engine, parece que todo o trabalho do passado foi descartado e o lance é começar do zero. Mais do que um aprimoramento do sistema de "PES 2013", o "PES 2014" apresenta uma maneira realmente nova de jogar futebol no videogame.

      Quem se dedicar a aprender (de novo) os fundamentos, treinar dribles, praticar jogadas ensaiadas e afins pode acabar se acostumando ao futebol complexo e estratégico de "PES 2014" e se divertir.

      A Master League e o editor de jogadores e equipes voltam com a qualidade de sempre e reforçam a ideia de que os jogadores muito dedicados conseguirão ter uma experiência divertida.

      Mesmo assim, o pedágio é caro. Diferente de "PES 2013" que conseguia oferecer boa profundidade sem abrir mão da facilidade de acesso (aliás, algo que a própria Konami destaca como uma das características mais fortes e tradicionais da série), o "PES 2014" é um futebol mais difícil de aprender e jogar e, por consequência, aproveitar. De cara, muita gente vai experimentar o game e se frustrar.
    • Falta de conteúdo
    • Lembra quando falei do preço cobrado pela nova engine? "PES 2014" sofre de tremenda falta de conteúdo em relação ao game anterior. Deixa eu corrigir: falta não, corte de conteúdo mesmo.

      Por conta de adaptações ao novo motor gráfico, "PES 2014" não possui partidas com chuva e neve, por exemplo. As animações das cenas de corte durante a partida são, na grande maioria, recicladas (já sabe, jogador brigando após falta é cartão vermelho...), enquanto problemas de licenciamento tiraram todos os estádios do campeonato espanhol e o divertido editor de estádios do game.

      Novas ligas latinas (como Argentina e Chile) são excelentes adições, mas executadas de forma duvidosa: se o craque Riquelme, do Boca Juniors, aparece com um visual em nada parecido com a vida real, o que esperar de outros jogadores dessas ligas?

      Tudo bem, a Konami promete corrigir este e outros vacilos via DLC, mas será então que não valia ter deixado o jogo mais um tempo em produção, no forno, pra chegar melhor às lojas? A pequena, mas existente, parcela de jogadores que não conectam seus videogames à internet deve concordar.

      Falando de internet, o ambiente online continua terreno problemático para a Konami. Os modos online voltam praticamente inalterados, em suas falhas e virtudes. Por um lado isso é boa notícia para quem já se diverte online com o "PES", mas não seria ruim dar atenção também a esta área - ainda mais considerando que o rival "FIFA" é excelente neste quesito.

      A lista vai longe. O problema maior é que "PES 2014" acaba sendo um jogo com menos conteúdo do que sua versão anterior - algo difícil de explicar e mais difícil ainda de entender por quem compra o jogo.

      A Konami promete que nos próximos meses muito conteúdo será lançado via DLC, como estádios e até novos modos de jogo - como partidas online de 11-contra-11 -, mas aí pergunto novamente: não teria sido melhor deixar o jogo mais algum tempo em desenvolvimento?
    • Narração problemática
    • Um dos aspectos mais divertidos e elogiados de "PES" é a narração em português, com os jornalistas Silvio Luiz e Mauro Beting.

      Pena que o "PES 2014" vacila neste ponto. O game mistura frases dos jogos anteriores com novas gravações, mas a diferença de qualidade entre os áudios é gritante. Áudios novos às vezes parecem abafados enquanto em outros momentos estouram no microfone.

      Para piorar, Silvio e Mauro tiveram mais liberdade para os diálogos e comentários, mas isso não foi bem encaixado no jogo. Em certas jogadas Silvio Luiz diz, por exemplo, que o desarme ou arremate foi "feito pelo...", deixando um espaço no final da frase para emendar o áudio do nome do jogador, mas o resultado é quase sempre lamentável. Isso quando o esquema não falha e Silvio fica no vácuo, esperando ele mesmo falar o nome do jogador.

      A dupla continua excelente, com piadas e um estilo único. No final das contas, as falhas da dublagem são mesmo no lado técnico. Seria melhor se tivessem mantido apenas as mesmas frases do "PES 2013".





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